quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Função comunicativa e política dos sistemas e das formas simbólicas

No texto de Pierre Bourdieu “O poder simbólico”, encontramos uma obra cuja origem foi de uma pesquisa sobre o simbolismo num contexto escolar. O autor antes de abordar o assunto retoma o pensamento de imigração das idéias de Marx sobre a inutilidade que é separar tais idéias, já que o seu significado de produções culturais possui outro referente ou “sistema de referências teóricas em relação as quais as idéias se definiram, consciente ou inconscientemente” . Essas idéias quase sempre se expressam em conceitos, cujos substantivos, próprios que os rotulam incorporam o sufixo - ismo, “cuja definição contribui menos do que ele as define”. Então o poder simbólico em que as idéias repousam implícitas, é assim praticamente ignorado e por isso reconhecido. Dessa forma o autor afirma tal poder “é invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem” .
      O poder simbólico apresenta-se em sistemas simbólicos que se expressam em estruturas estruturantes como a religião, a arte e a língua que são vistos também como universos simbólicos, segundo a tradição neo-kantiana de Cassirer. A partir dessa idéia Durkheim lança os fundamentos de uma sociedade das formas simbólicas. Tais formas, que equivalem à forma de classificação, deixam de ser formas universais, para se tornarem formas sociais.
    Os sistemas simbólicos como estruturas estruturantes passam por esse processo de classificação, por serem passiveis de uma analise estrutural, como Saussure, fundador dessa visão estruturalista apresentou na língua. Para ele o símbolo é arbitrário no sentido de não ter nenhuma relação como que representa, mas definido por convenção.
Após isso o autor expõe duas sínteses: A primeira diz que os sistemas simbólicos como instrumentos de conhecimento e comunicação “só podem exercer um poder estruturante porque são estruturados”, e constroem uma realidade de ordem gnoseológica, ou seja, uma realidade expressa pelo que Durkheim chama de conformismo lógico. 
      Esses sistemas simbólicos que “são instrumentos por excelência da integração social e tornam possível o consensus acerca do sentido do mundo social e que contribui para a ordem social. Dessa maneira as produções simbólicas funcionam muitas vezes como instrumentos de dominação social, como reza a tradição marxista na análise política- social, e apresenta-se em forma de ideologias “produtos coletivos e coletivamente apropriados, servem interesses particulares que tendem a apresentar como interesses universais”. 
    A segunda síntese firma que os sistemas simbólicos “cumprem sua função política de instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação, que contribuem para assegurar a dominação de uma classe sobre a outra” . Assim agem como um reforço de suas próprias forças sobre as relações de forças que afirmam, proporcionando segundo Weber, a chamada domesticação dos dominados. Esses sistemas as produzidos por um grupo de especialistas pertencentes à classe dominante com vista a se manter o monopólio da produção ideológica legitima e “devem a sua força ao fato de as relações de força que neles se exprimem só se manifestarem neles em forma irreconhecível de relações de sentido”.
     O poder simbólico conclui Bourdieu, invisível e imperceptível, se expressa numa “forma transformada e legitimada, das outras formas de poder”. Assim fazem “ignorar-reconhecer a violência que elas encerram objetivamente” e transformando suas forças em poder simbólico “capaz de produzir efeitos reais sem dispêndio aparente de energia.”

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