quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O mal estar da pós modernidade

Quem nunca ouviu a expressão “Juro dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade”? Ela está presente nos tribunais, nas juras de amor de namorados apaixonados, e nas páginas dos jornais, dando credibilidade e veracidade ao jornalismo.
A verdade é um dos conceitos filosóficos fundamentais, mas que não tem uma definição nem única, nem simples e sim plural. Muitos estudiosos afirmam que falar de verdade, é falar de uma representação mental adequada da realidade, ou seja, só uma compreensão completa da realidade pode proporcionar a verdade. Esse é simplesmente um ponto de vista que é mais útil em longo prazo.
“O verdadeiro é somente um expediente na nossa verdade”. Um bom ponto de partida para a compreensão do conceito de verdade é conhecermos suas funções como a do endosso, e da controvérsia. Quem é o dono da verdade? Num jogo, por exemplo, cada participante defende uma verdade particular. Geralmente os adversários denunciam entre si que o outro lado está sempre errado. Esse exemplo demonstra bem uma função da verdade: a controvérsia. A palavra verdade também é refletida através das crenças, onde ela realiza a função do endosso, por meio do elogio afim de os outros adotem nossas crenças como verdade.
Em algumas crenças existe mais do que nossa aprovação, ou seja, existe algo que vai além do endosso; “esse mais na maioria dos casos, é a suposta identidade entre o que as crenças asseveram e esse algo sobre o que nos informam”. Prova dessa forma de verdade é a crença em deus, na qual, grande maioria das pessoas o tem como detentor de toda verdade que existe. Essa crença é aprovada com confiança e segurança como verdade total.
Também existe a definição da verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência. De acordo com essa concepção a verdade estaria inscrita na essência, sendo idêntica à realidade e acessível apenas ao pensamento, e vedada aos sentidos. Assim, um elemento necessário à verdade era a "visão inteligível", em outras palavras o ato de revelar o que não pode ser revelado. Outro conceito seria a verdade como o descobrimento do ser, ou como poderíamos aproximar como uma forma de autoconhecimento.
O fato é que “A teoria das verdades atualmente no centro da atenção dos filósofos parece ser privada de muito da sua função de disputa no tocante ao status de conhecimento não filosófico. 

Função comunicativa e política dos sistemas e das formas simbólicas

No texto de Pierre Bourdieu “O poder simbólico”, encontramos uma obra cuja origem foi de uma pesquisa sobre o simbolismo num contexto escolar. O autor antes de abordar o assunto retoma o pensamento de imigração das idéias de Marx sobre a inutilidade que é separar tais idéias, já que o seu significado de produções culturais possui outro referente ou “sistema de referências teóricas em relação as quais as idéias se definiram, consciente ou inconscientemente” . Essas idéias quase sempre se expressam em conceitos, cujos substantivos, próprios que os rotulam incorporam o sufixo - ismo, “cuja definição contribui menos do que ele as define”. Então o poder simbólico em que as idéias repousam implícitas, é assim praticamente ignorado e por isso reconhecido. Dessa forma o autor afirma tal poder “é invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem” .
      O poder simbólico apresenta-se em sistemas simbólicos que se expressam em estruturas estruturantes como a religião, a arte e a língua que são vistos também como universos simbólicos, segundo a tradição neo-kantiana de Cassirer. A partir dessa idéia Durkheim lança os fundamentos de uma sociedade das formas simbólicas. Tais formas, que equivalem à forma de classificação, deixam de ser formas universais, para se tornarem formas sociais.
    Os sistemas simbólicos como estruturas estruturantes passam por esse processo de classificação, por serem passiveis de uma analise estrutural, como Saussure, fundador dessa visão estruturalista apresentou na língua. Para ele o símbolo é arbitrário no sentido de não ter nenhuma relação como que representa, mas definido por convenção.
Após isso o autor expõe duas sínteses: A primeira diz que os sistemas simbólicos como instrumentos de conhecimento e comunicação “só podem exercer um poder estruturante porque são estruturados”, e constroem uma realidade de ordem gnoseológica, ou seja, uma realidade expressa pelo que Durkheim chama de conformismo lógico. 
      Esses sistemas simbólicos que “são instrumentos por excelência da integração social e tornam possível o consensus acerca do sentido do mundo social e que contribui para a ordem social. Dessa maneira as produções simbólicas funcionam muitas vezes como instrumentos de dominação social, como reza a tradição marxista na análise política- social, e apresenta-se em forma de ideologias “produtos coletivos e coletivamente apropriados, servem interesses particulares que tendem a apresentar como interesses universais”. 
    A segunda síntese firma que os sistemas simbólicos “cumprem sua função política de instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação, que contribuem para assegurar a dominação de uma classe sobre a outra” . Assim agem como um reforço de suas próprias forças sobre as relações de forças que afirmam, proporcionando segundo Weber, a chamada domesticação dos dominados. Esses sistemas as produzidos por um grupo de especialistas pertencentes à classe dominante com vista a se manter o monopólio da produção ideológica legitima e “devem a sua força ao fato de as relações de força que neles se exprimem só se manifestarem neles em forma irreconhecível de relações de sentido”.
     O poder simbólico conclui Bourdieu, invisível e imperceptível, se expressa numa “forma transformada e legitimada, das outras formas de poder”. Assim fazem “ignorar-reconhecer a violência que elas encerram objetivamente” e transformando suas forças em poder simbólico “capaz de produzir efeitos reais sem dispêndio aparente de energia.”

O rádio na internet

Na década de 90, as primeiras emissoras começaram a migrar para a internet mudando a relação da radiofonia e contribuindo para o surgimento de novas emissoras online. Ao analisar o artigo Rádio e internet: recursos proporcionados pela web ao radiojornalismo dos autores Adilson Cabral e Ana Carolina Almeida vemos que a web rádio tem sua concepção calcada na elaboração e transmissão via internet. Oferece um serviço diferenciado e direcionado, aumentando a qualidade da informação elaborando programas especializados.
Rádio online é toda e qualquer emissora, AM, FM, ou de qualquer outro tipo de transmissão eletromagnética, levada para a internet. Há dois tipos de rádio web as emissoras de rádio que também passaram a utilizar o ciberespaço, para levar a mesma programação aos moldes hertzianos e as emissoras que transmitem exclusivamente para a internet.
Para os autores, na internet o rádio apresenta formas interativas que nunca foram imaginadas originalmente. Constrói um sistema carregado de influências da rede mundial de computadores e apresenta características que alteram o modelo comunicacional do rádio.
As rádios com transmissão online podem oferecer vários recursos como: serviço de busca, previsão do tempo, chats, podcasts, biografias de artistas, receitas culinárias, fóruns de discussão, letras cifradas de músicas, fotografias, vídeos e infografias, que são as representações visuais das informações veiculadas. Aqui vemos a multimidialidade que reúne quase todos os formatos de mídia, para transmitir a mesma mensagem e os disponibiliza em tempo real para a internet processar a comunicação entre os indivíduos gerando assim uma maior interatividade.
Este novo formato midiático além de ser diferenciado possibilita um relevante avanço da tecnologia dos meios de comunicação: a digitalização, tanto da produção, quanto da transmissão e da recepção aumentando a qualidade da informação permitindo a elaboração de programas especializados, para cada tipo de assunto. Outra especificidade da web rádio é a hipertextualidade, que permite ao usuário uma interligação dos assuntos através dos links.
Um facilitador na construção da web rádio são os podcasts, canais que viabilizam o armazenamento dos dados. Uma forma de transmissão de arquivo multimídia criada pelos próprios usuários.
O artigo em questão mostra ainda que a disseminação da web rádio pode mudar consideravelmente a relação entre o poder e a radiofonia. Além de não necessitar de concessões para seu funcionamento ela possibilita a elaboração de uma programação especifica levando em consideração as individualidades de seus ouvintes,
         Longe de representar uma ameaça à radiodifusão, a internet pode funcionar como aliada para reforçar a proposta jornalística do rádio, ampliando a audiência e aumentando a credibilidade do rádio convencional. O rádio, por suas características fundamentais, continuará ocupando espaço considerável no contexto comunicacional, mas não poderá prescindir das novas e modernas tecnologias que lhe são colocadas à disposição para incrementar seu conteúdo e saciar a curiosidade de um público cada vez mais sedento por informação de qualidade.



Fato social


O sociólogo francês Émile HYPERLINK "http://www.infoescola.com/sociologia/emile-durkheim/"Durkheim, considerado por muitos como um dos pais da sociologia moderna, define que o objeto de estudo da Sociologia deve ser o fato social, pois ele deriva da vida em sociedade, que é caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos. Mas o que é um fato social?
Podemos afirmar que fato social são todos os fenômenos que se passam no interior da sociedade. No entanto, devemos ressaltar que nem todo fato comum em determinada sociedade pode ser considerado fato social, não é a generalidade que serve para caracterizar este fenômeno sociológico, mas sim a influência dos padrões sociais e culturais, da sociedade como um todo, sobre o comportamento dos indivíduos que integram esta sociedade.        
Podemos classificar como fatos sociais as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, etc., todo um conjunto de “coisas”, exteriores ao indivíduo e aplicáveis a toda a sociedade, que são capazes de condicionar ou até determinar suas ações; sendo esta “coisa” dotada de existência própria, ou seja, independente de manifestações individuais.
Como exemplo de fato social podemos citar o alto índice de suicídios no Japão, não são apenas fatos individuais e particulares que levam esses indivíduos ao suicídio, mas toda a cultura e a formação social daquele país. Se considerássemos outra cultura e outros padrões sociais, talvez esses indivíduos, com as mesmas frustrações particulares, não optassem pelo suicídio. Este fenômeno pode ser considerado não apenas um fato social, mas também, um fato psicológico.
O suicídio como problema contemporâneo atravessa civilizações, nações passam por problemas, as pessoas sofrem de depressão e vêem como última alternativa o suicídio. O trabalho de Durkheim com base em taxas do suicídio é famoso, ele apresentou a influência que a sociedade tem sobre os casos de suicidio mostrando que o suicidio nao é apenas um fato de caráter pscológico, mas o que existe na verdade é uma detrminação social que pode ser medida através da variação das taxas de suicidios. Com cuidado examinando essas taxas ou estatísticas dos países europeus.
Durkheim apresenta três características básicas dos fatos sociais. A primeira delas é a exterioridade, que se encontra na afirmação de que o fato não pode ser produto do indivíduo, ou seja, é definido fora dele e assimilado através da educação. Portanto, o fato social existe fora da consciência individual como modo de pensar e de agir. A segunda é a coercitividade, um fato social se reconhece pelo poder de coerção externa que exerce ou é capaz de exercer sobre os indivíduos. Essa característica possui o poder de impor ao indivíduo, independentemente de sua vontade, essa coerção pode ser percebida pelo indivíduo ou não. A terceira propriedade do fato social é a generalidade, que se caracteriza por ser um estado do grupo que se repete na maioria dos indivíduos pela disseminação de crenças e práticas fabricadas pelas gerações anteriores. Um fenômeno pode ser geral porque é coletivo, mas não pode ser coletivo por ser geral.
Analisando essas características percebemos que de certa forma elas estão em sintonia, pois uma completa o sentido da outra. Basta observar as crianças que desde muito pequenas são educadas a seguir horários, a desenvolver certos comportamentos e maneiras de ser, e mais tarde, a trabalhar. Elas passam por uma socialização metódica. Com o tempo as crianças vão adquirindo os hábitos que lhes são ensinados e aprendendo comportamentos e modos de agir que correspondem aos membros do grupo que participam. Essa educação é anterior as crianças e conseqüentemente existe fora delas (exterioridade). Elas são constrangidas a praticar o que reza a educação imposta por seus pais (coercitividade).
Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada individuo em particular. Embora todos possuam sua "consciência individual", seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida pode-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base da que Durkheim chamou de consciência coletiva.
Segundo Durkheim "para que exista o fato social é preciso que pelo menos vários indivíduos tenham misturado suas ações e que dessa combinação tenha surgido um produto novo”. Esse produto novo, constituído por formas coletivas de agir e pensar se manifesta como uma realidade externa ás pessoas. Ele é dotado de vida própria, não depende de um indivíduo ou outro.
É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior.”; ou ainda, “que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais.” Ou ainda: Todas as maneiras de ser, fazer, pensar, agir e sentir desde que compartilhadas coletivamente. Variam de cultura para cultura e tem como base a moral social, estabelecendo um conjunto de regras e determinando o que é certo ou errado, permitido ou proibido.
Fatos sociais não devem ser confundidos com os fenômenos orgânicos e nem com os psíquicos, que constituem um grupo distinto de fatos observados por outras ciências.

A teoria crítica da indústria cultural



A primeira instituição alemã de pesquisa de orientação abertamente marxista foi o Instituto de Pesquisa Social, afiliado a Universidade de Frankfurt, fundado por alguns intelectuais como Friederich Pollock e Max Horkheimer. Os estudos iniciais da instituição têm por objeto de pesquisa a economia capitalista e a história do movimento operário.
O Instituto engaja-se na crítica. A pesquisa social levada a efeito pela teoria crítica propõem-se como teoria da sociedade entendida como um todo, essa questão mexe com duas doutrinas distintas: Capitalista X Socialista. Denunciando a separação e a oposição do individuo em relação à sociedade como resultante histórica da divisão de classes, a teoria crítica confirma a sua tendência para crítica dialética da economia política. O ponto de partida da teoria crítica é a análise do sistema da economia de mercado: desemprego, crises econômicas e a condição global das massas, ou seja, sua cultura.
O termo Indústria Cultural foi criado por Adorno e Horkheimer, e surgiu para substituir a expressão “cultura de massa” que nasce espontaneamente da arte popular. A qualidade estética dos produtos culturais é perfeitamente adequada ao sistema capitalista. O domínio que a indústria cultural exerce sobre os indivíduos é grandioso e notável. O processo imperativo integra cada elemento, o tipo, a função e a qualidade do produto são impostas ao consumidor de tal forma que ele vê-se obrigado a adquirir o produto.
 Na época atual a indústria cultural age respectivamente dentro de três funções: produção em série, padronização e divisão do trabalho. Revistas, programas de TV ou filmes, os produtos da indústria cultural paralisam a imaginação e a espontaneidade pela sua própria constituição. São feitos de forma a conseguir manipular a atividade mental do espectador. Construídos propositadamente para um consumo não comprometedor, cada um desses produtos reflete o modelo do mecanismo econômico que domina o tempo do trabalho e o tempo do lazer. 
À medida que as posições da indústria cultural se consolidam, mais podem agir sobre a necessidade do consumidor, guiando-o e disciplinando-o. O sujeito encontra-se dessa maneira, vinculado a uma identidade sem reservas com a sociedade, que sempre é a vencedora e assim o individuo não passa de um fantoche manipulado pelas normas sociais.
 O fato é que o capitalismo transformou nosso trabalho e nós mesmos em mercadoria, tirando a essência do ser humano de ser livre para pensar e agir. O homem que antes utilizava a força física, hoje usa a intelectual. E é regido pela teoria crítica que é alinhada ao materialismo, esse por sua vez habita na racionalidade técnica, estágio atual do desenvolvimento tecnológico da indústria cultural.