quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fato social


O sociólogo francês Émile HYPERLINK "http://www.infoescola.com/sociologia/emile-durkheim/"Durkheim, considerado por muitos como um dos pais da sociologia moderna, define que o objeto de estudo da Sociologia deve ser o fato social, pois ele deriva da vida em sociedade, que é caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos. Mas o que é um fato social?
Podemos afirmar que fato social são todos os fenômenos que se passam no interior da sociedade. No entanto, devemos ressaltar que nem todo fato comum em determinada sociedade pode ser considerado fato social, não é a generalidade que serve para caracterizar este fenômeno sociológico, mas sim a influência dos padrões sociais e culturais, da sociedade como um todo, sobre o comportamento dos indivíduos que integram esta sociedade.        
Podemos classificar como fatos sociais as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, etc., todo um conjunto de “coisas”, exteriores ao indivíduo e aplicáveis a toda a sociedade, que são capazes de condicionar ou até determinar suas ações; sendo esta “coisa” dotada de existência própria, ou seja, independente de manifestações individuais.
Como exemplo de fato social podemos citar o alto índice de suicídios no Japão, não são apenas fatos individuais e particulares que levam esses indivíduos ao suicídio, mas toda a cultura e a formação social daquele país. Se considerássemos outra cultura e outros padrões sociais, talvez esses indivíduos, com as mesmas frustrações particulares, não optassem pelo suicídio. Este fenômeno pode ser considerado não apenas um fato social, mas também, um fato psicológico.
O suicídio como problema contemporâneo atravessa civilizações, nações passam por problemas, as pessoas sofrem de depressão e vêem como última alternativa o suicídio. O trabalho de Durkheim com base em taxas do suicídio é famoso, ele apresentou a influência que a sociedade tem sobre os casos de suicidio mostrando que o suicidio nao é apenas um fato de caráter pscológico, mas o que existe na verdade é uma detrminação social que pode ser medida através da variação das taxas de suicidios. Com cuidado examinando essas taxas ou estatísticas dos países europeus.
Durkheim apresenta três características básicas dos fatos sociais. A primeira delas é a exterioridade, que se encontra na afirmação de que o fato não pode ser produto do indivíduo, ou seja, é definido fora dele e assimilado através da educação. Portanto, o fato social existe fora da consciência individual como modo de pensar e de agir. A segunda é a coercitividade, um fato social se reconhece pelo poder de coerção externa que exerce ou é capaz de exercer sobre os indivíduos. Essa característica possui o poder de impor ao indivíduo, independentemente de sua vontade, essa coerção pode ser percebida pelo indivíduo ou não. A terceira propriedade do fato social é a generalidade, que se caracteriza por ser um estado do grupo que se repete na maioria dos indivíduos pela disseminação de crenças e práticas fabricadas pelas gerações anteriores. Um fenômeno pode ser geral porque é coletivo, mas não pode ser coletivo por ser geral.
Analisando essas características percebemos que de certa forma elas estão em sintonia, pois uma completa o sentido da outra. Basta observar as crianças que desde muito pequenas são educadas a seguir horários, a desenvolver certos comportamentos e maneiras de ser, e mais tarde, a trabalhar. Elas passam por uma socialização metódica. Com o tempo as crianças vão adquirindo os hábitos que lhes são ensinados e aprendendo comportamentos e modos de agir que correspondem aos membros do grupo que participam. Essa educação é anterior as crianças e conseqüentemente existe fora delas (exterioridade). Elas são constrangidas a praticar o que reza a educação imposta por seus pais (coercitividade).
Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada individuo em particular. Embora todos possuam sua "consciência individual", seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida pode-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base da que Durkheim chamou de consciência coletiva.
Segundo Durkheim "para que exista o fato social é preciso que pelo menos vários indivíduos tenham misturado suas ações e que dessa combinação tenha surgido um produto novo”. Esse produto novo, constituído por formas coletivas de agir e pensar se manifesta como uma realidade externa ás pessoas. Ele é dotado de vida própria, não depende de um indivíduo ou outro.
É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior.”; ou ainda, “que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais.” Ou ainda: Todas as maneiras de ser, fazer, pensar, agir e sentir desde que compartilhadas coletivamente. Variam de cultura para cultura e tem como base a moral social, estabelecendo um conjunto de regras e determinando o que é certo ou errado, permitido ou proibido.
Fatos sociais não devem ser confundidos com os fenômenos orgânicos e nem com os psíquicos, que constituem um grupo distinto de fatos observados por outras ciências.

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